Em Alagoas, há mais advogados do que médicos em atividade.

Ainda este ano, a seccional alagoana da Ordem dos Advogados do Brasil emitirá o registro de inscrição de número 10 mil. Considerando os profissionais que saem do Estado, falecimentos e cancelamentos, restam aproximadamente 6.400 advogados trabalhando no Estado, o que representa quase o dobro do número de médicos no Estado, que, segundo o Conselho Regional de Medicina (Cremal), oscila em torno dos 3500 profissionais.
Segundo o presidente do Cremal, doutor Emanuel Fortes, por ano, a Escola de Ciências Médicas e a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) formam 130 profissionais nas diversas áreas da medicina. “Há uma década, tínhamos 3.300 inscritos no CRM. Hoje temos pouco mais de 3.500. Ou seja, um aumento de 200 inscritos. É um crescimento pequeno. Por ano, são formados 130 profissionais, sendo 80 da Universidade e 50 da Escola [de Ciências Médicas]. Tem aumentado muito pouco a procura desses cursos”, avalia Fortes.
ADVOGADOS – Já as 15 instituições de ensino superior que oferecem o curso de direito no Estado despejam no mercado mais de mil advogados por ano. Para o presidente da OAB Alagoas, Omar Coêlho de Melo, o número de advogados atuando no Estado é suficiente para cumprir a demanda do mercado alagoano. São aproximadamente 50 profissionais por cada mil habitantes. “Este ano, faremos a inscrição de número 10 mil, mas, atuando, temos por volta de 6.400. Isso engloba inclusive profissionais de outros estados que se inscrevem na seccional daqui também. Não é um número excessivo, é uma quantidade razoável, que comporta a demanda do Estado por esses profissionais. O Estado está bem servido por profissionais do ramo”, afirma Omar.
“Fazendo os cálculos, temos cerca de 50 advogados por mil habitantes, o que fica na média dos outros estados. Não temos profissionais em excesso. Não é uma concentração grande porque esse número de 6.400 profissionais está espalhado por todo o território alagoano”, conclui o presidente da OAB-AL. A distribuição dos profissionais citada por Coêlho se refere às seis subseções com sede nas cidades de Arapiraca, Palmeira dos Índios, Penedo, Santana do Ipanema, São Miguel dos Campos e União dos Palmares.

70% dos médicos alagoanos têm mais de 50 anos de idade.
Apesar do número de médicos ser bem inferior à quantidade de advogados em atividade no Estado, o presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremal), Emanuel Fortes, calcula que não faltam profissionais no Estado. O grande problema, ressalta o médico, são os baixos salários e condições de trabalho precárias.
“Esse número de profissionais que temos é suficiente para o Estado. Nos parâmetros da Organização Mundial de Saúde [OMS], o ideal é um médico por mil habitantes, em Alagoas temos um médico para menos de mil habitantes. É um número suficiente para cumprir a demanda. Porém, a baixa remuneração e a falta de condições de trabalho acabam afugentando profissionais, e temos muitos médicos que dão plantão em outros estados, como Sergipe e Piauí. Isso tem ocorrido com freqüência, e obviamente que o grande motivo é a remuneração”, afirma o presidente do Cremal.
“Não temos falta de profissionais, mas há sim uma má distribuição deles, com algumas áreas, em alguns municípios”, acrescenta Fortes. A diferença na remuneração chega a mais aproximadamente 150%. Segundo o Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed), em Alagoas, um cirurgião recebe aproximadamente R$ 2.300 por plantão nos finais de semana. No estado vizinho de Pernambuco, um profissional recebe pelo mesmo trabalho cerca de R$ 6 mil.
“A diferença é gritante, com um médico recebendo aqui em Alagoas R$ 2.300; e em outros estados, como Pernambuco, por exemplo, esse valor é de R$ 6 mil. Em Sergipe, a remuneração por esse tipo de plantão gira em torno dos R$ 7 e R$ 8 mil. Isso tem provocado uma migração dos profissionais para esses estados vizinhos, pois a diferença na remuneração compensa o deslocamento”, avalia o presidente do Sinmed, Wellington Galvão.
“Isso sem falar nas péssimas condições de trabalho, com um parque de equipamento ultrapassado, sucateado, deteriorado. A atividade do médico é muito séria, e corre-se muitos riscos ao se atuar sem condições adequadas, pois lidamos com vidas”, ressalta Galvão.

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